segunda-feira, 2 de maio de 2011

Alguma coisa sobre Ânimo.

É até um tanto clichê, mas realmente, às vezes, passamos por situações difíceis de entender e ainda piores de se enfrentar. É como estou no momento. As "águas do mar da vida" querem me afogar, mas a dor talvez esteja me cegando a ponto de eu não conseguir enxergar a mão de Deus para poder segurá-la. Mas uma coisa eu tenho certeza: NADA é em vão, e quando chegamos a extremos é exatamente quando Deus tem total liberdade para agir, sem que interfiramos.
Peguei a Bíblia para ler, pensando na palavra ânimo. Depois de uma breve procura, me deparei com uma passagem que eu até conhecia, mas que nunca tive vontade de me aprofundar. É aquela em Atos 27. Todo o capítulo me fez pensar na minha vida e em detalhes que o sofrimento faz questão de ofuscar.
Paulo estava preso, sob a custódia de um centurião chamado Julio. Este deveria transferir Paulo e outros presos para a Itália. Desde o começo da viagem, eles tentaram ao máximo fugir dos ventos fortes (v. 4). E não é isso que fazemos? Tentamos sempre nos manter em nossa zona de conforto.
É curioso ver que quando o centurião decide que iriam para Creta (eles deveriam ter ido por outro caminho) Paulo admoesta o centurião e seus soldados "... Senhores, vejo que a viagem será trabalhosa, com dano e muito prejuízo, não só da carga, mas também de nossas vidas". O centurião o ignora, dando mais ouvidos ao piloto e ao mestre do navio, afinal, quem era Paulo para eles? Era apenas mais um preso. Isso me lembrou bastante a passagem de João 16: 33, em que Jesus fala que no mundo teríamos aflições... Mas por que ainda vivemos nos questionando sobre nosso sofrimento? Jesus já estava dizendo que a vida do cristão não seria fácil! Por que, assim como aquele centurião, preferimos confiar no que conhecemos como seguro aqui na Terra e não olhamos para Jesus, que disse que deveríamos ter paz NELE?
Outra parte desse capítulo que me chamou atenção foi o versículo 15: "... e sendo o navio arrastado com violência, sem poder resistir ao vento, cessamos a manobra e nos fomos deixando levar." Wow! E não é exatamente o que acontece conosco? No versículo 16 vemos a conseqüência disso: "... a custo conseguimos recolher o bote". O bote já estava cheio de água. Se nos deixamos levar é isso que acontece, as tormentas tentam nos afundar aos poucos.
Paulo e os soldados estavam fazendo de tudo para salvar o navio, jogando ao mar tudo quanto podiam, para torná-lo um pouco mais leve, ou leve o suficiente para conseguirem, pelo menos, aportar em algum lugar seguro.
Então chegamos ao ápice da tormenta: "E não aparecendo, havia alguns dias, nem Sol nem estrelas, caindo sobre nós uma grande tempestade, dissipou-se, afinal, TODA a esperança de salvamento."
É interessante e inspirador observar, a partir do versículo 21, que quando tudo parece acabado, a atitude de Paulo é se levantar e tomar uma posição de liderança e autoridade. Ele mostra a raíz do problema: Se o tivessem ouvido e não partido para Creta, nada disso estaria acontecendo. Mas Deus é tão misericordioso com Paulo que um Anjo o visita e diz "Não temas". O anjo também fala a Paulo que Deus deu a ele todos quanto estavam naquele navio. Ou seja, a palavra de ânimo não era somente para Paulo, mas seria um conforto a todos que estavam com ele ( e ouso dizer - para todos que lêssem essa passagem, mais tarde - que é o nosso caso). "Portanto senhores, tende bom ânimo! Pois eu confio em Deus, que sucederá do modo pelo que me foi dito" (v. 25).
Depois que Paulo toma uma postura de autoridade sobre seu próprio tormento, colocando toda sua esperança e confiança em Deus, além de animar a si mesmo, ele consegue animar as 276 pessoas que estavam no navio com ele ! Quando acordaram, na manhã seguinte, avistaram uma enseada. Além de salvar a si próprio e aos demais, Paulo, através de seu testemunho de ânimo e fé, ainda conseguiu que os presos não fôssem mortos (pois ele, poderiam fugir nadando, então era certo que deveriam matá-los para evitar isso).

"... e foi assim que TODOS se SALVARAM em terra."


Pense nisso.