domingo, 18 de dezembro de 2011

A Igreja está em sua casa

Cresce no Brasil e no mundo um movimento conhecido como “crentes nominais”. Somente no Brasil existe perto de quatro milhões de evangélicos que dizem não precisar frequentar uma igreja para serem salvos. Olhando os fatos pela ótica da razão e da compreensão bíblica, concluímos que a posição dos crentes nominais pode estar correta. De fato não precisamos pertencer a uma igreja (diga-se denominação religiosa) para sermos salvos. A Igreja é parte do Reino de Deus e não a sua totalidade. Quando desenvolvemos tal compreensão entendemos que frequentar uma igreja evangélica não significa, necessariamente, que somos salvos ou que fazemos parte do Reino de Deus.

A igreja é um local de reunião, um local em que os crentes se reúnem para prestar culto de adoração a Deus. A adoração coletiva é apenas uma das formas pelas quais podemos nos aproximar de Deus. A Igreja (local de reunião) deve ser uma extensão de nossa comunhão diária. Tal significa dizer que a vida cristã transcende as barreiras físicas da Igreja. Jesus disse: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt. 18. 20). De acordo com Jesus, a igreja pode ser reconhecida em qualquer lugar em que estiver, como em uma reunião informal em uma empresa, faculdade, comércio, escola etc.

Somos seres comunitários e por isso precisamos viver em comunidade. Daí surge a ideia de ajuntamento, de assembleia de santos. Nenhum cristão deve se privar da adoração coletiva, em um templo ou em qualquer outro local em um grupo de crentes se reúna. O problema esta na idolatria, no confinamento que algumas denominações submetem seus membros. Para ser direto: existe hoje uma verdadeira “idolatria” por templos. A vida cristã, na maioria das igrejas evangélicas, se resume a um programa infindável de cultos – muitos dos quais rotineiros e carregados de exortações. Uma das queixas dos crentes nominais é a falta de amor nas igrejas evangélicas. O púlpito tem sido usado, segundo eles, como um local de crítica aos que não frequentam diariamente a igreja e não entregam o dízimo.

É fato que a igreja precisa passar por uma reforma, que o programa de culto é cansativo e que não atende ao anseio dos mais necessitados. A igreja, e especialmente os pastores, precisa se mobilizar pela defesa de um culto sadio que permita o retorno dos que saíram para praticar um culto particular ou mesmo os que deixaram a vida cristã por completo. Também devemos ampliar a discussão em torno do conceito de igreja e seu relacionamento com o Reino de Deus.


Johnny T. Bernardo é apologista, jornalista e colaborador do Blog Genizah

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O Epírito e a Adoção

[...] nossa adoção nos dá a chave do entendimento do ministério do Espírito Santo.

Os cristãos de hoje enfrentam muitas armadilhas e perplexidades a respeito do ministério do Espírito Santo. O problema não está em encontrar o título correto, mas em saber qual é a experiência correspondente à obra de Deus referente ao título. Portanto, sabemos pelas Escrituras que o Espírito ensina o que vai na mente de Deus e glorifica o Filho de Deus; que ele é o agente do novo nascimento dando-nos compreensão para conhecer a Deus e também o novo coração para obedecer-lhe. Sabemos ainda que ele habita nos cristãos, santifica-os e fortalece-os para a peregrinação diária. Segurança, alegria, paz e poder são seus dons especiais. Todavia, muitos reclamam, confusos, que estas afirmações são para eles simples fórmulas, não correspondendo a nada que reconheçam em sua vida.

Naturalmente, tais cristãos se sentem perdendo algo vital e perguntam ansiosamente como poderão preencher o vazio entre a imagem de vida no Espírito apresentada pelo Novo Testamento e seu sentimento de aridez na experiência diária. Então, talvez em desespero, resolvem empreender por si mesmos a busca de um acontecimento psíquico transformador pelo qual possam sentir que a "barreira da falta de espiritualidade" pessoal foi rompida para sempre. O acontecimento pode ser denominado "experiência de Keswick"1, "rendição total", "batismo do Espírito Santo", "santificação total"2, "selamento com o Espírito", dom de línguas, a "segunda conversão" (se formos guiados por uma estrela católica em vez de protestante) ou a oração silenciosa ou em conjunto.

Entretanto, se alguma coisa acontecer, e eles se sentirem capazes de identificá-la com o que estavam procurando, logo descobrem que a "barreira da falta de espiritualidade" não foi afinal rompida e assim mudam ansiosos para alguma coisa nova. Muitos hoje são apanhados nessa confusão. Perguntamos: que ajuda pode ser oferecida a essas pessoas? A luz derramada pela verdade da adoção sobre o ministério do Espírito fornece a resposta.

A causa de problemas como os descritos é um tipo de sobrenaturalismo falso e mágico que leva as pessoas a ansiar pelo toque transformador, como o de uma força elétrica impessoal, que as libertará completamente de todos os fardos e cadeias da vivência consigo e com os outros. Elas crêem ser esta a essência da verdadeira experiência espiritual. Pensam que a obra do Espírito é dar-lhes experiências como as viagens de LSD (que prejuízo causam os evangelistas quando prometem isto e os viciados equiparam suas fantasias a experiências religiosas! Será que nunca aprenderemos a fazer distinção entre coisas diferentes?).

O fato, porém, é que esta busca por uma explosão interior em lugar de comunhão íntima mostra a profunda incompreensão do ministério do Espírito. A verdade vital a ser aprendida é que o Espírito foi dado aos cristãos como o "Espírito que adota", e é assim que ele age em todo esse seu ministério. Por isso, sua tarefa e seu propósito é levar os cristãos a pensar com clareza cada vez maior no significado de seu relacionamento filial com Deus em Cristo e a reagir cada vez mais profundamente com relação a Deus. Paulo destaca essa verdade ao escrever: "[vocês] receberam o Espírito que os adota como filhos, por meio do qual clamamos 'Aba, Pai'" (Rm 8:15); "Deus enviou o Espírito de seu Filho ao coração de vocês, e ele clama: 'Aba, Pai'" (Gl 4:6).

Assim como a adoção em si mesma é o pensamento-chave para desvendar a idéia da vida cristã no Novo Testamento e o ponto focal para unificá-la, o reconhecimento de que o Espírito vem a nós como o Espírito que adota é a idéia-chave para desvendar tudo o que o Novo Testamento nos fala sobre seu ministério junto aos cristãos.

Partindo dessa idéia central, vemos que sua obra apresenta três aspectos. Em primeiro lugar, ele nos torna e nos mantém conscientes — às vezes mais claramente, mas sempre, de algum modo, conscientes, mesmo quando a parte maldosa que há em nós nos leva a negar tal consciência — de que somos filhos de Deus pela espontânea graça, por meio de Jesus Cristo. Esta é sua tarefa de prover fé, segurança e alegria.

Em segundo lugar, ele nos leva a olhar para Deus como Pai, mostrando para com ele respeitosa ousadia e confiança ilimitada, como é natural em filhos seguros do amor paterno. Esta é sua tarefa de nos fazer clamar "Aba, Pai" — a atitude descrita é a expressa pelo clamor.

Em terceiro lugar, ele nos impele a agir de acordo com nossa posição de filhos reais pela manifestação da semelhança familiar (isto é, de conformidade com Cristo), pela promoção do bem-estar da família (isto é, amando aos irmãos) e pela manutenção de sua honra (buscando a glória de Deus). Esta é sua obra de santificação. Por meio deste aumento progressivo da consciência e do caráter filial, no esforço de procurar o que Deus ama, evitando o que ele odeia "Somos transformados em sua própria imagem com um esplendor cada vez maior, e essa é a obra do Senhor, que é o Espírito" (2Co 3:18; CPH).

Portanto, não é quando nos esforçamos na busca de sensações e experiências de qualquer sorte, mas quando buscamos a Deus, olhando para ele como nosso Pai, valorizando sua amizade e descobrindo em nós a preocupação cada vez maior em conhecê-lo e agradá-lo, que a realidade do ministério do Espírito se torna visível em nossa vida. Esta é a verdade necessária que pode nos tirar do pântano das suposições não-espirituais sobre o Espírito, no qual tantos estão se debatendo hoje em dia.

Notas:

1 Designação do movimento inglês (desde 1875) que oferecia palestras de quatro ou cinco dias sobre renovação espiritual. Essas palestras tinham por objetivo apresentar às pessoas o malefício do pecado, ensinar a viver de forma vitoriosa e desafiar ao comprometimento total com Deus e seu serviço.

2 Expressão teológica usada nos círculos holiness para designar "o ato divino, posterior à conversão, mediante o qual os crentes são libertados do pecado original, ou depravação, e sua natureza carnal é erradicada e trazida ao estado de devotamento completo a Deus, e à santa obediência do amor, aperfeiçoada" (http://www.freewebs.com/ihcircuitriders/ entiresanctification.htm).



Trecho extraído do livro:
O Conhecimento de Deus, de J. I. Packer
Editora Mundo Cristão

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Louvor?


Hoje em dia se torna cada vez mais gritante a diferença entre um Ministro de Louvor e um simples cantor. É triste perceber como os Ministros deixaram de lado seu real chamado pra se tornarem meros cantores, com frases feitas, jargões e citações sem sentido algum.

Mas o que é Ministrar? Em Salmo 100:2 lemos “entrai diante dele com canto”. O trabalho do Ministro nada mais é do que levar as pessoas a adorarem e louvarem a Deus. Então você me diz “ah, é só isso?” e eu respondo “Não é tão fácil como parece”. O ministro deve levar as pessoas à adoração racionalmente, apesar da Música ser algo tremendamente sensitivo. Sempre me perguntam por que eu não gosto das músicas que tocam na rádio, das músicas evangélicas da moda, e eu sempre respondo a mesma coisa: Por que quando a Música se torna banal, quando gruda ‘no sangue’, dificilmente alguém vai PENSAR no que está cantando. E qual a recomendação de Paulo em Romanos 12? “apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” e “sede transformados pela renovação do vosso entendimento”. O Evangelho e o culto RACIONAL não é SENTIR, é REFLETIR. Talvez por isso o trabalho do ministro se torne tão mais árduo: A Música em sua essência nos transporta à um nível totalmente sensitivo! A partir do momento que você, Ministro, souber usar isso à favor do entendimento, verá uma cortina saindo de seus olhos espirituais, verá uma transformação a cada acorde, a cada palavra proferida nos hinos que ministrar.

Pense muito bem na Música escolhida para sua ministração. Ela exalta a Deus, ela louva e glorifica ao Pai pelos feitos que Ele fez desde a fundação do Mundo? Ou é um hino que só pede, pede, pede? Em Hebreus fala “Portanto, ofereçamos sempre a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome.” Nós estamos confessando o nome de Deus lhe entregando o verdadeiro louvor, ou estamos usando a Música como mais uma forma de sermos abençoados? Usemos o centro da nossa fala e façamos os demais a usarem para louvor e glorificação do Nome do Único digno de toda honra e toda Glória: Jesus, o Cristo.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Alguma coisa sobre Ânimo.

É até um tanto clichê, mas realmente, às vezes, passamos por situações difíceis de entender e ainda piores de se enfrentar. É como estou no momento. As "águas do mar da vida" querem me afogar, mas a dor talvez esteja me cegando a ponto de eu não conseguir enxergar a mão de Deus para poder segurá-la. Mas uma coisa eu tenho certeza: NADA é em vão, e quando chegamos a extremos é exatamente quando Deus tem total liberdade para agir, sem que interfiramos.
Peguei a Bíblia para ler, pensando na palavra ânimo. Depois de uma breve procura, me deparei com uma passagem que eu até conhecia, mas que nunca tive vontade de me aprofundar. É aquela em Atos 27. Todo o capítulo me fez pensar na minha vida e em detalhes que o sofrimento faz questão de ofuscar.
Paulo estava preso, sob a custódia de um centurião chamado Julio. Este deveria transferir Paulo e outros presos para a Itália. Desde o começo da viagem, eles tentaram ao máximo fugir dos ventos fortes (v. 4). E não é isso que fazemos? Tentamos sempre nos manter em nossa zona de conforto.
É curioso ver que quando o centurião decide que iriam para Creta (eles deveriam ter ido por outro caminho) Paulo admoesta o centurião e seus soldados "... Senhores, vejo que a viagem será trabalhosa, com dano e muito prejuízo, não só da carga, mas também de nossas vidas". O centurião o ignora, dando mais ouvidos ao piloto e ao mestre do navio, afinal, quem era Paulo para eles? Era apenas mais um preso. Isso me lembrou bastante a passagem de João 16: 33, em que Jesus fala que no mundo teríamos aflições... Mas por que ainda vivemos nos questionando sobre nosso sofrimento? Jesus já estava dizendo que a vida do cristão não seria fácil! Por que, assim como aquele centurião, preferimos confiar no que conhecemos como seguro aqui na Terra e não olhamos para Jesus, que disse que deveríamos ter paz NELE?
Outra parte desse capítulo que me chamou atenção foi o versículo 15: "... e sendo o navio arrastado com violência, sem poder resistir ao vento, cessamos a manobra e nos fomos deixando levar." Wow! E não é exatamente o que acontece conosco? No versículo 16 vemos a conseqüência disso: "... a custo conseguimos recolher o bote". O bote já estava cheio de água. Se nos deixamos levar é isso que acontece, as tormentas tentam nos afundar aos poucos.
Paulo e os soldados estavam fazendo de tudo para salvar o navio, jogando ao mar tudo quanto podiam, para torná-lo um pouco mais leve, ou leve o suficiente para conseguirem, pelo menos, aportar em algum lugar seguro.
Então chegamos ao ápice da tormenta: "E não aparecendo, havia alguns dias, nem Sol nem estrelas, caindo sobre nós uma grande tempestade, dissipou-se, afinal, TODA a esperança de salvamento."
É interessante e inspirador observar, a partir do versículo 21, que quando tudo parece acabado, a atitude de Paulo é se levantar e tomar uma posição de liderança e autoridade. Ele mostra a raíz do problema: Se o tivessem ouvido e não partido para Creta, nada disso estaria acontecendo. Mas Deus é tão misericordioso com Paulo que um Anjo o visita e diz "Não temas". O anjo também fala a Paulo que Deus deu a ele todos quanto estavam naquele navio. Ou seja, a palavra de ânimo não era somente para Paulo, mas seria um conforto a todos que estavam com ele ( e ouso dizer - para todos que lêssem essa passagem, mais tarde - que é o nosso caso). "Portanto senhores, tende bom ânimo! Pois eu confio em Deus, que sucederá do modo pelo que me foi dito" (v. 25).
Depois que Paulo toma uma postura de autoridade sobre seu próprio tormento, colocando toda sua esperança e confiança em Deus, além de animar a si mesmo, ele consegue animar as 276 pessoas que estavam no navio com ele ! Quando acordaram, na manhã seguinte, avistaram uma enseada. Além de salvar a si próprio e aos demais, Paulo, através de seu testemunho de ânimo e fé, ainda conseguiu que os presos não fôssem mortos (pois ele, poderiam fugir nadando, então era certo que deveriam matá-los para evitar isso).

"... e foi assim que TODOS se SALVARAM em terra."


Pense nisso.